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Range Polarizado vs Range Linear

9 de Janeiro, 2023

Range Polarizado vs Range Linear

Um range trata-se de todas as mãos que um jogador tem num determinado cenário, e que seguem a mesma linha de ação. De forma a simplificar a explicação sobre o range polarizado e linear vamos assumir um cenário em que toda a gente na mesa tem 40bbs, nós abrimos do CO e levamos 3-bet do BTN.

Todos os profissionais de poker abordam o jogo tendo sempre em conta os ranges!

O que é um Range Polarizado (Polarized Range)?

Um range polarizado é um range que contém mãos fortes e mãos relativamente fracas, sem nenhuma mão de força média. Seguindo o cenário do exemplo sugerido, um range polarizado é quando o jogador do BTN, face ao nosso raise, decide fazer 3-bet utilizando algumas combinações de mãos do topo do range, e algumas combinações do bottom do range.

Um exemplo extremo e exagerado de um range de 3-bet tight e polarizado nesse cenário seria o seguinte:

Range Polarizado

No entanto, existem outras considerações a ter no momento de decidir que range quer ter em 3-bet, nesta situação. 

Ter mãos como 32o no bottom do range não faz muito sentido. Vai depender muito do perfil do jogador que raisou em primeiro lugar. 

Se for um jogador com um Raise First-In (RFI) alto do CO e que faz pouco fold vs 3-bet, nós vamos querer ter no bottom do nosso range algumas mãos que dominem o range de call do adversário. E, ainda, que bloqueiem as mãos mais fortes. Portanto, nesse caso até acaba por começar a fazer sentido optar por um range mais linear, que iremos falar mais à frente.

Por outro lado, contra um jogador que também tenha um RFI alto mas que faça muito fold vs. 3-bet já nos queremos preocupar, fundamentalmente, em ter mãos que bloqueiem as mãos mais fortes que dão call mas deixa de ser tão importante ter mãos que dominem esse range. Vamos querer ter as mãos de média-força no nosso range de call, e não em 3-bet, porque contra esse tipo de jogador não temos muito incentivo em fazer 3-bet com uma mão como, por exemplo, K8s se ele fizer fold a uma mão como K7s. Mas faz sentido 3-betar uma mão como K4s, nesse caso, uma vez que fazemos foldar mãos melhores.

Exemplo de um range polarizado contra um jogador com “RFI” e “fold vs 3bet” altos do CO:

Range Polarizado

Para além de decidires se queres ter um range polarizado ou linear, também é bastante importante decidires o quão balanceado queres que este seja. Ou seja, quanto maior for a tendência do jogador do CO fazer fold vs 3-bet, maior poderá ser a proporção de mãos que queres ter no bottom do teu range. Isto é, especialmente, contra jogadores recreativos que não têm tanto em conta a forma como jogas, a possibilidade de os poderes estar a explorar e que não se adaptam a esse tipo de circunstâncias. Por outro lado, quão pior for esse jogador, menos te precisas de preocupar em estar balanceado e podes explorar essa leak.

Exemplo de um range polarizado e desbalanceado, contra um jogador com “RFI” e “fold vs 3bet” altos do CO:

Range Polarizado

Já leste o nosso artigo sobre Dicas para 4 tipos de Flop? Descobre os 4 principais tipos de textura de board.

O que é um Range Linear?

Um range linear, ao contrário do polarizado, já é um range que vai conter uma maior proporção de mãos de força média. Vamos usar novamente o exemplo inicialmente sugerido, no lugar do BTN, mas desta vez assumindo que o CO faz pouco fold vs 3bet. Sendo assim, nesse cenário já poderá fazer sentido fazer 3-bet com uma mão como K8s, uma vez que o COcall com uma mão como K4s.

Exemplo de um range linear contra um jogador com um “RFI” alto do CO, mas com um “fold vs 3bet” relativamente baixo:

Além disso, quanto maior for o RFI e menor for o fold vs 3bet, mais mãos médias-fortes podes equacionar e, por isso, adicionar ao teu range. Isto porque mais mãos irás dominar do range de call do teu adversário. E, menos mãos médias-fracas irás querer ter. Exemplo:

Range Linear

Atenção que todos estes exemplos são meramente demonstrativos, de forma a ajudar a concretizar as ideias.

Existem bastantes considerações a ter, e cada caso é um caso. Ou seja, não existe nenhum range padronizado para todas as situações. Existirão momentos em que, no mesmo spot, quererás ter uns determinados combos, e noutros já não. Existirão situações em que quererás jogar mãos premium em call e outros em que as quererás raisar. Portanto, o mesmo acontece com as suited broadways. Existem muitos fatores a ter em conta, como stack-sizes, perfil do vilão, ICM, etc.

Porque é que é importante pensares em ranges, seja no teu, seja no dos teus adversários?

Para além do que já foi dito, a capacidade de compreenderes o teu range e o dos adversários é essencial para a jogabilidade da mão até ao river, e não só no pré-flop. Sendo que, o pré-flop é, obviamente, onde tudo começa. Ou seja, se não pensares corretamente nos ranges nesta fase inicial, então não irás ser capaz de jogar a tua mão de forma ideal nas seguintes streets — flop, turn e river.

Desta forma, se assumires um range errado do teu adversário, ou se não compreenderes o teu range, irás ter dificuldades em tomar decisões pós-flop, porque não serás capaz de entender a board. Por exemplo, se o teu range for demasiado tight e no flop vierem cartas baixas, terás que ter noção que aquela board em específico não acerta o teu range. Depois, precisas de decidir de acordo com o perfil do adversário com que te deparas. 

Um recreativo com poucas noções, pode não ter nada disto em conta, e pode acabar por apostar mais indiscriminadamente. No entanto, contra um jogador competente já precisa de considerar se aquela board favorece mais o próprio range ou o do adversário, e, por isso, decidir adequadamente.

Sendo que, a mesma linha de pensamento serve para as streets futuras. Por isso, quando chegas ao river tens que ter consciência de que os ranges mudam drasticamente desde o pré-flop. Ou seja, existiram mãos que foldavam no flop, outras que jogavam em raise, mas a decisão foi dar call, logo não são mãos que chegam ao river.

Por fim, um agradecimento especial pela contribuição na criação deste artigo ao Gil Mendes, o nosso responsável pela organização de Coaching da Polarize.

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